De estatura média, magra e com uma faixa no cabelo para segurar os cachinhos, a jogadora Átila Eduarda Silva de Caldas guarda uma daquelas histórias de talento formado em um campo de terra batida da pequena Cantanhede, município de cerca de 25 mil habitantes localizado a 150km de São Luís, no Maranhão. Nada usual foi a forma que ela chamou a atenção do treinador do time de futsal feminino do Maranhão para ser convocada para representar o estado nos Jogos da Juventude CAIXA Brasília 2025. Ao enfrentá-lo na final do torneio escolar regional, Átila perdeu a cabeça, foi expulsa e seu time sofreu a virada, perdendo o jogo.
“Não vou mais repetir o mesmo erro, até porque eu acabei me esquentando um pouco. Mas isso faz parte, acontece com os melhores jogadores do mundo”, lamenta a jogadora de 16 anos. Ao menos, o ocorrido não apagou a boa imagem deixada durante todo o campeonato. “Enquanto a Átila estava no jogo, ela trouxe uma dificuldade imensa contra o meu time, justamente por conta da facilidade de drible, movimentação e leitura de jogo que ela tem”, avalia Alajohny Azevezo da Silva, técnico do time de futsal feminino do Maranhão.
Um misto de alívio e imensa felicidade contagiou Átila quando recebeu a convocação para integrar a seleção do Maranhão na maior competição multiesportiva para jovens de até 17 anos do Brasil. “É a primeira vez que eu estou viajando para fora do Maranhão para jogar futebol, para mostrar o que eu sei fazer, é algo bem bacana, estou muito feliz que o professor Alajohny me deu essa oportunidade”, comemora Átila. A primeira e única vez que saiu do Maranhão foi para fazer uma viagem de turismo com a família para Fortaleza.

A base do time que está representando o Maranhão nos Jogos da Juventude CAIXA Brasília 2025 treina em São Luís. As jogadoras de outras cidades que foram convocadas para reforçar o elenco tiveram duas semanas de treinos junto da equipe antes da competição nacional. Tempo mais que suficiente para Átila entrosar com as colegas de time, ao menos, fora das quadras. “Sou uma pessoa extrovertida, eu falo com todo mundo e todas as atletas são muito legais, foi fácil de fazer amizade. Hoje, já me sinto parte dessa família”, alegra-se.
Átila cultiva o gosto pelo futebol desde pequenininha. É daquelas que aproveita todo tempo livre que tem para bater uma bola. Mas ela sente falta de mais estrutura para desenvolver seu potencial na cidade onde mora. “Eu só fui ter uma noção melhor de posicionamento, marcação e a parte tática do futsal há pouco tempo”, exemplifica.
Na quadra de futsal, Átila atua como ala ou pivô, sempre no ataque perto do gol adversário. Já no campo de futebol, prefere a posição de meia. “Fico ali só distribuindo a bola para as atacantes marcarem gol. Às vezes, eu subo para a área para reforçar o ataque”, explica. Realizada pela vivência de disputar os Jogos da Juventude CAIXA Brasília 2025, Átila sonha em se tornar jogadora profissional para também ajudar a desenvolver mais o futebol feminino na sua cidade natal.
Volta do futsal aos Jogos da Juventude
Uma das modalidades esportivas mais populares dentro das escolas do Brasil, o futsal voltou aos Jogos da Juventude nesta edição, realizada em Brasília, após dois anos ausente do evento. O futsal esteve presente no evento desde o ano 2000, quando o COB assumiu a organização dos Jogos da Juventude. Em 2023 a modalidade saiu do programa da competição, mas agora retorna de forma definitiva.
Jheniffer Cordinali, medalhista olímpica de prata em Paris-2024, é uma das jogadoras que viveu a experiência de disputar os Jogos da Juventude antes de alçar voos no alto rendimento. Da mesma forma, as jogadoras Andressinha e Thaisa Moreno, que já defenderam a seleção brasileira de futebol, também representaram seus estados nos Jogos da Juventude.