Durante uma competição, em todas as modalidades, o locutor dos Jogos da Juventude CAIXA Brasília 2025 divulga o anúncio do Esporte Seguro sobre a não tolerância a qualquer tipo de violência dentro das arenas de competições. Isso é apenas uma das muitas ações do programa, desenvolvido pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), que vem ampliando sua atuação a cada edição dos Jogos.
“O Esporte Seguro atua em duas frentes, em resumo: na prevenção e no combate a violências não acidentais – que são as intencionais, como a física, psicológica ou sexual, por exemplo. A prevenção é realizada por meio de cursos obrigatórios que chefes de delegação e membros de comissões técnicas precisam fazer, sobre assédio, abuso e questões antirracistas. Além disso, damos palestras sobre como agir em casos de violência e quais medidas a tomar, incluindo os procedimentos na hora de se fazer uma denúncia”, explica Mariany Nonaka, que atua como oficial de salvaguarda dos Jogos.
“Quanto ao combate, nossa equipe dispõe uma sala para o acolhimento da vítima. É um espaço seguro e acolhedor, em que explicamos a ela os procedimentos da denúncia – que podem ser anônimas e são sigilosas – e orientá-la sobre os canais oficiais de denúncia do COB”, completa Nonaka, cuja função é originada de um programa do Comitê Olímpico Internacional (COI), do qual Mariany possui certificação, que visa capacitar profissionais para identificar e combater violências não acidentais no esporte, como assédio sexual, psicológico, negligência, bullying e cyberbullying – a presença de oficiais de salvaguarda já é uma novidade em relação a edições anteriores.
Outra abordagem de orientação ocorre no estande do Esporte Seguro, no Centro de Convenções, com atividades lúdicas sobre o tema. Como explica Rosângela Coelho, psicopedagoga e especialista em Direitos Humanos, que coordena as atividades de uma forma mais acessível aos atletas – e demais participantes.“Não falamos apenas com os atletas, mas treinadores, comissões técnicas e chefes de delegação, pois a prevenção e o combate ao assédio no esporte requerem uma abordagem colaborativa, especialmente com os profissionais que trabalham diretamente com os adolescentes”.
No estande, ocorrem minipalestras informativas sobre o programa e atividades lúdico-pedagógicas, adaptadas para tratar de temas sensíveis. Por meio de jogos, no caso dos atletas, há a conscientização sobre os diferentes tipos de violência e assédio, para que eles possam identificá-los e estabelecer limites. Um dos jogos é o famoso Jenga, em que é preciso remover um bloco, de uma torre construída com peças de madeira, e empilhá-lo no topo da torre, sem derrubar a estrutura. Mas, neste caso, em cada peça há uma frase ou palavra que impõem ao atleta uma reflexão sobre o tema. Há também um painel em que os atletas colam um papel com algo escrito de significado especial.
“Quando eles tiram a peça, leem o que está escrito, e aí conversamos sobre o tema. É importante eles se sentiram à vontade para romper o silêncio, por isso o jogo, para eles discutirem o assunto de uma forma mais leve”, destaca a psicopedagoga.