Atletas do Acre que enfrentaram sete horas de barco para treinar chegam à semifinal do futsal dos Jogos da Juventude CAIXA

Marina Galvão e Jaqueline Almeida são de Porto Walter, município do interior do Acre, e o acesso ao treinamento para a edição Brasília 2025 era pelo rio Juruá

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A seleção acreana de futsal feminino tem uma trajetória marcada por superação. Formada por atletas da zona rural do Acre, o time percorreu um longo caminho dentro e fora de quadra para chegar à semifinal da segunda divisão feminina do futsal dos Jogos da Juventude CAIXA Brasília 2025: foram 29 partidas disputadas em campeonatos escolares, rurais, regionais e estaduais até conquistar a vaga na competição nacional. Entre as atletas, Marina Galvão e Jaqueline Almeida precisavam percorrer sete horas de barco para chegar aos treinamentos para os Jogos da Juventude.

As jovens são moradoras de Porto Walter, município de cerca de 11 mil habitantes no interior do Acre. A cidade fica à 84km de distância de Cruzeiro do Sul, onde o time fez os treinamentos duas semanas antes dos Jogos da Juventude. O acesso principal, no entanto, é fluvial, pelo rio Juruá e demora de 6 a 8 horas. As duas percorreram esse trajeto por uma semana inteira antes da competição estadual, que garantiu a classificação para Brasília.

Marina, de 16 anos, começou a jogar futebol no campinho do bairro, e passou a competir nas quadras nos Jogos Escolares, quando foi convidada pelo técnico Leandro Souza para integrar a equipe da Escola Juarez Ibernon. “Estou muito feliz de estar aqui. O sentimento é de gratidão, porque são muitos momentos difíceis que passamos até chegar neste momento”, afirma.

Jaqueline começou no futsal aos 15 anos e revela que a vinda para os Jogos da Juventude foi a primeira vez que saiu do estado. “Fiquei com medo do avião, mas gostei”, conta. “Estar aqui entre tantos outros times já é uma grande vitória para a gente. Foi difícil treinar porque é longe e estamos há um mês fora de casa.”


Segundo o técnico Leandro Souza, a equipe enfrentou grandes dificuldades na trajetória. “No estadual, enfrentamos escolas com mais recursos e times mais fortes, que não vieram da zona rural como nós. Ainda assim, nos classificamos para este campeonato e conseguimos chegar invictos à semifinal aqui em Brasília”, relata.

O apoio entre as jogadoras também foi essencial para que a equipe pudesse estar nos Jogos. Antes da competição, sem ser possível custear hospedagem ou manter o deslocamento de sete horas para os treinos, as atletas ficaram na casa de Jasmine Ruane, colega de equipe de 16 anos. “O professor falou que precisava de um lugar para elas ficarem, e meu pai disse que poderiam ficar lá, porque eu também fazia parte do time”, contou Jasmine.

Nos 29 jogos disputados até chegar aos Jogos da Juventude CAIXA Brasília 2025, a equipe encontrou apenas um empate. Na competição nacional, o time acreano sofreu sua primeira derrota na semifinal da segunda divisão contra o time de Pernambuco. Apesar da derrota, o sentimento da equipe é de orgulho.

“Hoje chegamos a uma semifinal e, olhando para toda essa trajetória, dá orgulho. Se você me perguntar se valeu a pena, eu faria tudo de novo. É uma oportunidade para elas mostrarem talento e, quem sabe, mudarem a história de suas famílias”, diz Leandro Souza, técnico da equipe. “A gente faz tudo o que for preciso pelas meninas. Não é fácil montar um time assim, mas quando olhamos para a trajetória delas, nos doamos ainda mais”, completa.

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