O ditado “filho de peixe, peixinho é” nunca fez tanto sentido para o ala Matteo Farias nos Jogos da Juventude CAIXA 2025. Aos 17 anos, o brasiliense, que defende o Rio de Janeiro, carrega no sangue a herança do pai, Gustavo Farias, ex-jogador profissional de basquete. E os Jogos deste ano têm um significado especial para o jovem: jogando “em casa”, ele almeja conquistar uma medalha junto aos seus companheiros cariocas.
“No começo o basquete era só diversão com os amigos do prédio. Depois fui me apaixonando e comecei a treinar de verdade. Meu pai sempre foi minha referência, ele viveu essa realidade e sabe como funciona”, contou Matteo.
Até os 13 anos, ele estava mais ligado ao futebol. O basquete entrou quase por acaso, mas rapidamente se tornou paixão. A transição foi incentivada pelo pai, que sabia do potencial do jovem.

A trajetória não foi simples. Matteo começou no Vizinhança, mas teve pouca minutagem. A virada aconteceu no Cerrado, onde ganhou espaço, evoluiu tecnicamente e chamou atenção. Depois seguiu para o Brasília, sendo campeão e eleito MVP em competições de base. Esse crescimento abriu as portas para o maior desafio até então: um teste no Flamengo, que o levou a se mudar para o Rio de Janeiro e, há sete meses, iniciar uma nova fase em sua vida.
“Eu recebi o convite do Flamengo e me mudei para o Rio há sete meses. É uma honra enorme representar o estado, mesmo sendo de Brasília. No início achei que seria só alegria, mas é difícil ficar longe da família e dos amigos. Ainda assim, vale a pena, porque a estrutura e os treinadores me motivam a lutar ainda mais pelo meu sonho”, afirmou.
Deixar a capital federal exigiu um amadurecimento precoce. Longe da família, ele aprendeu a lidar com a saudade, a pressão e a rotina intensa de treinos. Mas o objetivo sempre esteve claro: viver do basquete.

“Meu plano A, B e C é o basquete. É o que eu amo e o que quero para a minha vida. Sei que existe a pressão de escolher faculdade ou outro caminho, mas procuro não me apressar. Com o apoio da minha família, vou seguir lutando pelo meu maior sonho”, enfatizou.
Se para o filho o sonho ainda está em construção, para o pai ele já é realidade. Orgulhoso, o ex-jogador que defendeu o Minas Tênis Clube, de Brasília, e o Ipiranga Atlético Clube, de Anápolis, vê em Matteo a continuidade de uma história que, em seu tempo, foi interrompida pela falta de oportunidades.
“É um orgulho indescritível ver meu filho seguir meus passos e conquistar o que eu não pude. O Matteo é dedicado, focado e apaixonado pelo basquete. Tenho certeza de que vai muito longe. Eu me emociono em cada jogo, porque sei o quanto ele é esforçado, disciplinado e apaixonado pelo que faz”, contou Gustavo.

E nem os melhores roteiristas poderiam imaginar um enredo tão simbólico para o jovem. Defendendo o Rio de Janeiro, Matteo enfrentou São Paulo nesta quinta-feira (18) e acabou derrotado por 94 a 64. O revés, porém, abriu a chance de disputar a medalha de bronze justamente contra seus conterrâneos do Distrito Federal, que foram superados por Santa Catarina por 91 a 73.
“Quando soube que os Jogos seriam em Brasília, fiquei muito animado por ter sido escolhido. Poder jogar aqui, perto dos meus pais, da minha família, dos amigos e até reencontrar ex-companheiros, enfrentando o DF, está sendo uma experiência muito especial”, finalizou.