O Pará fez história na final dos Jogos da Juventude CAIXA 2025. Em uma final dramática, o estado do norte superou São Paulo nos pênaltis por 5 a 4 (1 a 1 no tempo regular). E os destaques foram Ana Braga e Andressa, ambas de 17 anos, que encerraram suas trajetórias na competição da melhor forma possível: com o estado campeão da terceira divisão e garantido lugar na segunda divisão de 2026.
A vitória também teve o triste sabor de despedida, pois é o último ano da duplas competindo nos Jogos da Juventude CAIXA. Ao fim da partida, elas deixaram um recado: a missão agora é das próximas gerações, que receberão o Pará já na segunda divisão e terão a responsabilidade de manter vivo o espírito de união e confiança que trouxe a equipe até a conquista.
“Acreditei em mim e nas minhas companheiras. A confiança nos trouxe até aqui. Sei que no próximo ano não vou estar aqui, mas deixamos o Pará na segunda divisão para que outras meninas possam continuar o trabalho”, disse Andressa.

Na hora da decisão, Ana Braga respirou fundo e converteu o último pênalti, garantindo a vitória paraense.
“Eu não queria bater, confesso. Não me sinto tão confiante, mas o professor disse para acreditar. Lembrei da minha mãe, que antes de eu viajar me mandou um vídeo chorando e dizendo que eu já era vitoriosa só por estar aqui. E lembrei do meu pai, que sempre foi minha inspiração. Esse título é para eles, pela minha família e pelo meu estado”, contou, emocionada.

O título ganha ainda mais significado quando se olha para o caminho percorrido até aqui. A equipe foi formada por meninas de diferentes municípios, entre elas atletas do arquipélago do Marajó. Elas enfrentam até 22 horas de viagem de barco para chegar a Belém e participar dos treinos.
“Trazer essas meninas, dar oportunidade para elas, é o mais importante. Elas foram guerreiras, independentemente do resultado. Hoje é festa em Portel, em São Sebastião, em todo o Pará”, disse o treinador, emocionado.
E a comemoração não poderia ser outra: açaí com farinha. Mais do que um alimento, o fruto nativo da Amazônia é parte da alma paraense. É herança de povos indígenas e negros, presente no dia a dia e consumido com orgulho como símbolo de identidade e pertencimento.
“Agora é comemorar em grupo, ligar para a família e, quando chegar em Belém, tomar um açaí com farinha”, disse Ana, empolgada.