À primeira vista, balé e handebol parecem pertencer a universos diferentes. Enquanto a dança é marcada pela leveza, pela calma e pela delicadeza dos movimentos, o jogo nas quadras exige intensidade, força e confrontos constantes. Foi nesse contraste que Sofia Ventura escreveu sua própria história: do palco para o handebol, a alagoana de 16 anos transformou sutileza em potência e se tornou um dos grandes nomes do estado nos Jogos da Juventude CAIXA Brasília 2025. Em sua segunda participação nos Jogos, ela comemorou a conquista da segunda divisão e o retorno de Alagoas à elite da modalidade.
O primeiro contato com o handebol aconteceu por acaso, mas foi o suficiente para mudar o rumo da sua história. Ela sempre esteve ligada a atividades delicadas e graciosas, como o balé. No entanto, quando surgiu a oportunidade de experimentar a modalidade em outra escola, tudo mudou.
“Foi ali que começou a minha paixão pelo handebol. Descobri um esporte que me desafiava de uma forma completamente nova”, relembrou. A transição, no entanto, não foi simples. “Trocar o balé, que é delicado, por um esporte intenso, com contato e até lesões, foi difícil. Mas isso me fortaleceu como pessoa, física e psicologicamente. Sei que tudo isso me prepara para a vida adulta e para os próximos desafios”, completou.

A evolução veio com o técnico David, responsável por lapidar o talento da atleta e inseri-la em competições nacionais. Em 2024, ela teve a primeira experiência na divisão de elite dos Jogos da Juventude CAIXA. O resultado não foi o esperado, mas serviu de aprendizado e combustível para o retorno.
“Este ano voltamos com a missão de recolocar Alagoas na primeira divisão. Conquistar a segunda divisão foi uma felicidade sem igual, tanto para mim quanto para a equipe, que virou minha família”, contou.
A emoção no apito final foi inevitável. Sofia chorou ao relembrar a trajetória de dois anos antes, quando disputou o primeiro grande torneio escolar em Brasília, também com grande parte da equipe atual.
“Parecia que a cena se repetia. Ganhar novamente, com quase as mesmas companheiras, no mesmo estado, foi muito especial”, relembrou.

O apoio da família é outro pilar essencial em sua jornada. A mãe, viveu o handebol nos tempos de escola, e mesmo sem ter seguido carreira, deixou na filha o legado da paixão pelo esporte. Já o pai, Silvestre Soares Silva, professor de educação física, sempre esteve ao lado, incentivando cada decisão.
“Eles me apoiam em tudo. Meu pai tinha o sonho de ter um filho atleta e hoje realiza isso comigo. Já representamos a seleção, viajamos pelo Brasil e até para a Argentina”, afirmou.
A oportunidade de vestir a camisa da Seleção Brasileira surgiu cedo e de uma forma um tanto quanto inesperada. Aos 14 anos, em 2023, Sofia foi convocada para defender o país no Sul-Centro Americano, no Recife.
“Todo atleta sonha em vestir a camisa do Brasil, e eu consegui isso muito rápido. Foi uma experiência incrível jogar contra outras nações e conhecer atletas de tantos lugares”, contou.
E os planos não param por aqui. Com mais um ano de Jogos da Juventude CAIXA pela frente, Sofia já projeta os próximos passos, agora de volta à primeira divisão. Para ela, estar entre os grandes é apenas o começo para o estado.
“Alagoas não veio para brincar. Estamos crescendo no cenário nacional e podemos, sim, ser uma potência”, afirmou.