A pernambucana Carolina Oliveira carrega no DNA o gosto pelo esporte. O pai foi jogador de basquete e tentou transferir o talento aos filhos. Conseguiu fazer com que os três desenvolvessem paixão pela atividade física desde criança. Mas, como santo de casa não faz milagre, nem todos seguiram exatamente a modalidade dele. Carol começou na natação com 2 anos e nunca mais largou. O desempenho na piscina prova que a escolha foi acertada. Na sua primeira participação nos Jogos da Juventude CAIXA Brasília 2025, aos 16 anos, ela conquistou quatro medalhas, sendo três de ouro (200m livre, 400m livre e 800m livre) e uma de bronze (4x100m livre misto), no complexo Claudio Coutinho.
Feito que faz o pai, Jorge Luiz Oliveira, transbordar de orgulho – mesmo que longe das quadras de basquete. A irmã mais nova de Carol preferiu fazer aulas de vôlei, ampliando a paleta de modalidades praticadas pela casa. Ao menos, um dos irmãos, de 11 anos, seguiu os passos do pai no basquete, ainda que conciliando o tempo com o futebol. Já a mãe de Carol dedica-se à musculação, fortalecendo a filosofia de que atividade física é para todos. Mas ter uma campeã das piscinas na maior competição multiesportiva do país voltada a atletas de até 17 anos é um privilégio e tanto.

“Eu tinha muitas dúvidas, mas agora sei que seguir na natação profissional é o que realmente eu quero. Disputar as Olimpíadas e buscar o melhor resultado que eu possa ter são os meus sonhos na natação”, conta Carol. Representar Pernambuco mundo afora é outro desejo que impulsiona a jovem nadadora. “É o melhor estado do mundo”, justifica, em meio a sorrisos e muito carisma. Aos poucos, ela vai se aproximando do sonho, já que vem acumulando convocações para seleção brasileira de base desde 2023.
Além de simpatia, Carol esbanja personalidade, assim como suas principais referências na natação: Joanna Maranhão e Etiene Medeiros. “Elas são os principais nomes da natação brasileira feminina e ainda são de Pernambuco. São inspirações supremas”, exalta Carol. A inspiração pelas duas ex-nadadoras começou ainda pequena. Carol tem até uma foto dela pequena recebendo um autógrafo da Etiene, durante o Torneio Nordeste de Natação, em Recife, em 2018. Recentemente, Carol teve oportunidade de ter um contato mais próximo com a nadadora olímpica. “Ela me explicou como foi a trajetória dela, tirou dúvidas que eu tinha e me orientou mesmo na carreira de nadadora”, conta.

“Elas ainda fazem questão de mostrar que representam o meu estado, a minha região, o Nordeste. Muitas vezes, os nordestinos são subestimados e é fantástica essa visibilidade positiva que a Joanna e a Etiene sempre dão de mostrar que chegaram lá, ressaltando o orgulho de serem nordestinas e mostrando que não são menores do que ninguém por causa disso”, completa.
Para seguir os passos das ídolas, Carol mantém uma rotina bem disciplinada. “Treinos, escola e vida social, tudo tem que ser cronometrado”, brinca. Ainda assim, o treinador Edson Porfírio garante que ela é uma ótima aluna e um excelente exemplo para os demais atletas. “A Carol é aplicada nos treinos e na escola, tem um carisma natural e é muito expansiva. No meio do ano, ela foi uma das palestrantes de um mini camp que o clube realizou para os atletas de 11 e 12 anos e se saiu muito bem, contou a trajetória dela e explicou como é a rotina de uma nadadora de alto rendimento”, orgulha-se Porfírio.

Ídolos que passaram pelos Jogos da Juventude
Não são poucas as referências do esporte brasileiro que passaram pelos Jogos da Juventude antes de despontar no esporte de alto rendimento. Entre eles estão as campeãs olímpicas Beatriz Souza e Sarah Menezes, ambas do judô, e Duda Lisboa, do vôlei de praia; os medalhistas olímpicos Alison dos Santos “Piu”, Caio Bonfim e Rosângela Santos, do atletismo; Mayra Aguiar, William Lima e Larissa Pimenta, do judô; Fernando Scheffer, da natação; Ana Cristina Souza, Roberta Ratzke, Rosamaria Montibeller e Carolana, do vôlei; além de Rodrygo, jogador da seleção brasileira masculina de futebol e do Real Madrid.
Muitos desses atletas são também embaixadores do evento. É uma oportunidade de conhecer de perto algumas referências do esporte brasileiro. Neste sábado (13/09), os embaixadores Fernando Scheffer (natação) e Luisa Baptista (triatlo) marcaram presença no complexo Claudio Coutinho, onde ocorreram as provas de natação dos Jogos da Juventude. O clima de festa, fotos e trocas de experiências contagiou os atletas. Aqueles que subiram no pódio ainda tiveram a honra de receber as medalhas de um deles. Momento que serve para motivar ainda mais os jovens talentos a explorar seus potenciais esportivos.
As mulheres nos Jogos da Juventude CAIXA Brasília 2025
Organizados pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), os Jogos da Juventude foram criados em 2000, quando realizou a primeira edição em Brasília, e tornou-se o maior evento multiesportivo para atletas de até 17 anos. A atual edição retorna à capital do país com recorde de atletas inscritos: 4.700 atletas, sendo 2.369 mulheres e 2.231 homens. É a primeira vez que a delegação feminina supera a masculina na competição.
As disputas ocorrem até 25 de setembro em 33 instalações esportivas espalhadas pelo Distrito Federal. Nesse período, 20 modalidades serão disputadas: águas abertas, atletismo, badminton, basquete, ciclismo, esgrima, futsal, ginástica artística, ginástica rítmica, handebol, judô, natação, remo virtual, taekwondo, tênis de mesa, tiro com arco, triatlo, vôlei de praia, voleibol e wrestling.
Transmissão na internet
Todas as modalidades são transmitidas ao vivo ou contam com flashes na programação do Time Brasil no YouTube, que é o canal oficial do Comitê Olímpico do Brasil.