Os Jogos da Juventude CAIXA João Pessoa 2024 conheceram os campeões da primeira divisão do basquete na sexta-feira (22), no Sesc da capital paraibana. Pela disputa feminina, São Paulo contou com o talento da armadora Nicolly Sanches para vencer a final sobre Santa Catarina, por 85 x 45, e sagrar-se bicampeão. Já na decisão masculina, o Rio de Janeiro não pôde contar com o capitão Lucas Cassini, lesionado na semifinal. Mesmo com o destaque e capitão do time em “dia de treinador” à beira da quadra, a equipe carioca ganhou de Santa Catarina, por 76 x 74, no último segundo de um jogo decidido ponto a ponto, e que repetiu os finalistas de 2023.
Alívio para Lucas Cassini, que deslocou o ombro na semifinal. Sem poder atuar, o ala armador/ala viveu as tensões e alegrias de um técnico, ao acompanhar a final do banco de reservas com uma prancheta nas mãos como uma espécie de auxiliar do treinador Agostinho Ferreira.
“Eu queria muito estar disputando essa final dentro de quadra com os meus companheiros, mas, como infelizmente eu não pude, dei o meu máximo fora, passando informação, chamando meus amigos, tentando mantê-los confiantes, com a cabeça no jogo sem se irritar com um lance ou outro. Mas a experiência foi muito boa, mesmo comigo ajudando em pequenos detalhes”, avalia Cassini, atleta do Flamengo de 17 anos e 1,95m de altura.
“Fora de quadra se vê todo o jogo de forma mais ampla, consegui viver um pouco da agonia que o técnico tem com a gente e prefiro estar dentro de quadra com o Agostinho passando as informações do que eu fazendo essa função”, completa Cassini.
Técnico do Rio de Janeiro, Agostinho Ferreira aprovou a experiência. “Ter visto a emoção do time e contado com o Cassini sentado do meu lado, me dando conselhos e falando com o time. Ele é um garoto muito inteligente e pôde entender como é o lado de cá do treinador, como sofremos durante o jogo também”, diz.
Faltando 31 segundos para o fim da partida, Gusmão empatou o jogo para o Rio de Janeiro, em 74 x 74. No lance seguinte, o armador Gabriel, craque de Santa Catarina com 19 pontos no jogo, não conseguiu converter a bela jogada individual em cesta. Após o time carioca ficar com o rebote, Gusmão puxou o contra-ataque e a última bola acabou nas mãos de Arthur Coelho, que não desperdiçou a chance de sacramentar o título aos meninos do Rio.
Erick Medina, 16 anos, foi o cestinha da final, com 22 pontos. “Mentalizamos muito que seríamos campeões. Foi um jogo muito complicado, mas conseguimos conquistar mais um título, que é muito importante para o nosso currículo e experiência”, avalia Erick, atleta do Botafogo de 2 metros, que trocou o futebol pelo basquete, aos 14 anos, ao descobrir essa paixão de forma despretensiosa na escola e que pretende transformá-la em profissão.
São Paulo tricampeão do basquete feminino
Na final feminina, São Paulo confirmou o favoritismo e conquistou o terceiro título seguido dos Jogos da Juventude. Capitã da equipe, a armadora Nicolly Sanches é uma das mais experientes do elenco, aos 17 anos, e participou das três campanhas vitoriosas da equipe na competição.
“É surreal, é um sentimento de loucura, eu fiquei muito feliz de ser bicampeã, é sempre uma honra representar São Paulo, com união, garra e foco”, comemora a cestinha da decisão, com 29 pontos, que integra as categorias de base da seleção brasileiras desde o sub-15.
O time paulista abriu larga vantagem logo no início do jogo, quando terminou o primeiro quarto com 20 pontos de diferença. Nem assim, o técnico Fernando Silva poupou as broncas e correções ao elenco na beira da quadra. “Ele é muito bravo, mas é assim que conseguimos chegar longe e conquistar nossos objetivos. Meu sonho é virar profissional no basquete. Também quero sair do país e representar o Brasil”, conta Nicolly, com um sorriso no rosto.
O jeito sério do treinador só termina ao fim do trabalho. Nessa hora, ele até abre o sorriso e não consegue disfarçar o orgulho ao ser questionado por ser também padrasto de Nicolly. “Nos damos muito bem e levamos essa relação de forma muito leve. Eu cobro bastante ela na quadra como técnico, mas esse papel fica restrito aos momentos do time. Em casa, nem falamos muito de basquete, deixamos para o momento de técnico e atleta”, explica Fernando, que virou padrasto da camisa 7 do São Paulo quando ela tinha 12 anos.
Quando Fernando virou padrasto da Nicolly, ele já era treinador e ela, atleta. Mas os dois ainda não eram da mesma equipe. Eles passaram a treinar juntos há três anos e vêm colhendo bons resultados dessa parceria.
“Um diferencial dela é ser muito veloz e manter a intensidade durante todo o jogo, além de ter uma boa antecipação e um ótimo arremesso. Ela é muito versátil, o que também a torna bastante difícil de marcar”, destaca o treinador. Fernando ainda ressalta o papel de liderança e a noção de coletividade que ela imprime no grupo, que respondeu muito bem aos estímulos e estratégia de jogo montados pelo treinador durante toda a competição, segundo ele.
Segunda divisão masculina também tem São Paulo no topo do pódio
No masculino, o São Paulo sagrou-se campeão da segunda divisão do basquete dos Jogos da Juventude CAIXA João Pessoa 2024. O time de São Paulo venceu a equipe do Rio Grande do Sul na decisão, por 85 x 45, na quadra do SESC da capital da Paraíba, na sexta-feira (22).
A forte equipe de São Paulo não disputou os Jogos da Juventude em 2022, porque a competição caiu na mesma data do Mundial 5×5 Sub-17, disputado na Sérvia. No ano passado, o estado voltou a ser representado no basquete masculino dos Jogos da Juventude, mas precisou retornar na terceira divisão e foi campeão. Neste ano, foi a vez de confirmar o favoritismo levantando a taça de campeão da segunda divisão e garantir o acesso para a primeira divisão em 2025.
Para além do título, o treinador Vinícius Ribeiro ressalta o intercâmbio promovido pelos Jogos da Juventude e a possibilidade de conhecer talentos espalhados pelas diferentes regiões do país. Ao longo da competição, Vinícius convidou alguns atletas que lhe chamaram a atenção para treinar em São Paulo, onde conhece clubes com trabalho de base que poderiam se interessar por eles.
“Eu vi que o Pedro Paulo, camisa 5 do Rio Grande do Sul, é nascido em 2008 e tem um bom biotipo. Eu conversei com o técnico dele sobre a possibilidade de ele treinar uma semana conosco em São Paulo. Assim como ele, chamei um jogador do Mato Grosso do Sul e outro de Pernambuco”, revela o técnico da equipe de São Paulo, que acredita que essa vivência pode acrescentar na formação desses jovens atletas.