Evoluir e ajudar o outro a evoluir. Assim pode ser definida a relação entre Rhuan Sena, campeão dos 100m rasos nos Jogos da Juventude CAIXA João Pessoa 2024, e Renan Gallina, atleta olímpico do atletismo e um dos grandes destaques da nova geração do Brasil nas pistas. Ambos são treinados por Sandra Crul em Maringá, no Paraná, e ganharam os holofotes pela velocidade. A relação de ganha-ganha foi destacada por Renan depois que o colega de treino conseguiu algo que nem ele tem: o ouro nos Jogos da Juventude.
“O Rhuan é um moleque gente boa, de coração bom. Começou a treinar há uns 2 ou 3 anos e tem sido uma grande ajuda para mim. Não tem muita gente para eu treinar aqui, faltam quem me puxe, me incentive. O pessoal mais velho está parando e isso é uma questão muito delicada. E aí aparece um molequinho que tem um potencial enorme, me ajudando. Não é a toa que ele conquistou esse título que nem eu tenho”, contou Gallina.
“Cheguei com a expectativa de pegar pelo menos um terceiro lugar, um pódio para tentar pegar uma bolsinha melhor para o ano que vem. Ter o Renan treinando ao meu lado com certeza é uma inspiração. Sempre no treino, que é a saída de bloco de tiro sempre tento acompanhar ele. Não dá porque é o Renan, mas sempre nos primeiros 50 metros eu consigo acompanhar. Renan está sempre me ajudando nos treinos, passando as dicas. A Sandra (Crul, treinadora) também, não consigo descrever o que ela é pra mim, é uma segunda mãe”, contou Rhuan depois da prova.
Rhuan foi campeão com 10.74 (-1.3 m/s). A medalha de prata foi conquistada por Diogo Kauã Gomes (10.79), da Paraíba, e o bronze com Felipe Ryan Santos (10.81), do Maranhão. Para Rhuan, o diferencial para o título foi melhorar a largada.
“Geralmente, eu largo primeiro e o povo me passa no final porque eu sou baixinho e a perna não abre muito, a passada é curta. Mas na semifinal corri para 10.93, o segundo melhor tempo, só que senti que saí muito mal, fui o quarto a largar e fui buscando. Mas conversei com os treinadores e consegui melhorar a saída. Uma das minhas metas eu já bati. Agora faltam só três: o Sul-americano, o Mundial e as Olimpíadas de Los Angeles”, analisou Sena.
A ajuda mútua também pode beneficiar o ídolo de Rhuan. “Assim como ele diz que eu o incentivo por eu ter conquistado muitas coisas, ele também me incentiva em realmente continuar treinando. A molecada está vindo aí e está se inspirando em mim, e isso, realmente, faz muita diferença na minha carreira. É bom compartilhar desse sentimento, é bom compartilhar meu treino, minha treinadora com ele. Isso é sempre bem vindo”, concluiu Renan Gallina.
Para Rhuan, a competição do atletismo é individual, mas o treino e convivência precisam ser coletivas. “O atletismo é superação, disciplina, mas também ensina a ter compaixão e mais amor ao próximo”, completou o atleta de “coração bom”.
Outros destaques do primeiro dia do atletismo nos Jogos da Juventude
No feminino, Hakelly Maximiano, do Rio de Janeiro, levou o ouro nos 100 m com 11.87 (-1.3m/s). A medalha de prata ficou com Ana Karoliny Murback Almeida, do Paraná, com 12.27, e a de bronze com Hemily de Jesus Santos, com 12.39, de São Paulo.
O lançamento do dardo masculino também teve destaque. Francisco Paulo Petri, de 17 anos, da Associação Marcelândiense de Atletismo venceu a prova com 72,93m. Mais cedo, na qualificação, ele quebrou o recorde do campeonato, com 74,66m, que já durava dez anos – era de Pedro Luiz Prado Barros, com 71,04m, feito em João Pessoa, em 2014.
A medalha de prata ficou com Pietro Pereira Silva, de Pernambuco, com 65,66m, e a de bronze com Cauã Selbach Fernandes de Souza, do Rio Grande do Sul, com 64,96m.