Quem esteve presente na pista de atletismo dos Jogos da Juventude CAIXA João Pessoa 2024 certamente viu a jovem forte, de sorriso largo e tranças nagôs em algum momento. Isso porque Hakelly esbanjou carisma e competência. Nos dois primeiros dias de disputa da modalidade ela já garantiu as medalhas de ouro nos 100m rasos, com 11s79, e no revezamento 4x100m, ao compor o time do Rio de Janeiro. Agora, a meta da velocista é o título dos 200m rasos e, se possível, com o novo recorde.
“Quero vencer e bater o recorde da prova, que é 23s35”, contou a confiante atleta, que dá entrevistas com naturalidade e parece não se importar com o favoritismo que recai sobre ela. “Tem que ter foco, determinação e ir atrás. Me vejo como uma atleta de alto rendimento e todo mundo fala que eu sou um fenômeno, mas eu me vejo querendo mais. Quero conquistar tudo o que posso e me preparo bastante para isso”, completou a atleta de 16 anos.
Vinda de Macaé, cidade no norte do Rio de Janeiro, Hakelly encontra dificuldades para manter seu treinamento, visando o alto rendimento, já que a única pista da cidade tem dimensões menores que a oficial. “É uma situação bem complicada porque não temos pista para treinar. Treino na escola. Sempre vou agradecer e me lembrar de todo apoio que recebo. Mesmo estando longe, indo para outros lugares, vou continuar agradecendo ao meu técnico, Hilly, que está comigo sempre”, comentou a corredora.
Se na edição de Ribeirão Preto (2023), sua primeira participação, a atleta consagrou-se como promessa da modalidade ao se tornar a campeã mais jovem do atletismo, com dois títulos (100m e 200m rasos), aos 15 anos, agora ela é a atleta a ser batida.
“Em 2023 eu participei dessa competição e foi quando meu marketing ‘voa menina’ saiu. Meu técnico havia dito para mim, ‘voa menina’, e assim eu fiz”, disse a atleta, que segue atrás de seus sonhos e, este ano, voou longe, representando o Brasil no Sul-Americano, Mundial sub-20 e Mundial estudantil.
Atual campeã brasileira nos 100m rasos, nas categorias sub-18 e sub-20, e do título dos 200m no torneio nacional sub-23, a atleta que pratica a modalidade regularmente há apenas dois anos comentou sobre seus recentes feitos.
“Meu ano foi bem puxado, competindo desde maio, sem parar, sem descansos, sem férias. Isso é dedicação. Mesmo com todas as dificuldades, a gente tem que manter o foco. Não tenho descansos, mas amo competir, correr e estar neste ambiente”, completou a jovem sorridente, que, mesmo tímida, faz questão de conversar com todos e, apesar do compromisso com o resultado, encontra tempo para curtir momentos com os demais participantes.
Mesmo jovem e com idade para participar da próxima edição dos Jogos da Juventude, Hakelly fala sobre suas próximas metas e como encara as competições com atletas mais velhas. “Amanhã quero bater o recorde do 200m. Não é fácil para uma atleta de 16 anos querer bater o recorde de uma mulher de 21 ou 22 anos. Esse tempo (23s71) fiz no Sub-23, onde ganhei de meninas que praticamente iam para as Olimpíadas. Então, foi uma marca histórica na minha vida, com apenas 15 anos”, completou Hakelly.
Para Wlamir Leandro Campos, presidente da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), ela é “um diamante bruto e que vale muito a pena ser trabalhado”. Acompanhando de perto a competição, Wlamir participou das premiações, conversou com atletas e assistiu às finais de revezamento e semifinais em que Hakelly competiu nesta segunda (25).
“Hakelly tem um potencial atlético incrível e teve um ano de ouro. Ganhou os campeonatos brasileiros de todas as categorias que disputou, com exceção do adulto. Estamos observando junto à área de desenvolvimento do COB e à área de desenvolvimento da CBAt”, afirmou o presidente, que também falou sobre a importância da realização dos Jogos da Juventude para o desenvolvimento da modalidade e o surgimento de novos atletas.
“Esta é uma competição absolutamente democrática, com todos os estados participando. Muitos atletas que nós conhecemos se destacam na categoria, mas há muitos outros que ainda não conhecíamos. Por isso, temos duas observadoras que estão acompanhando todos esses atletas e fazendo relatórios para que, depois, com calma, possamos avaliar. Às vezes, temos atletas mais novos, que ainda não têm resultados, mas têm grande potencial”, completou Wlamir Leandro.