Adorada por atletas nos Jogos da Juventude, técnica e educadora de Rondônia ensina handebol, cidadania e amor ao esporte: “Minha missão na vida”

Líder de um projeto social perto da fronteira do Brasil com a Bolívia, ex-goleira de edições passadas do Jogos se dedica à formação de jogadores em Cerejeiras

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Vem do pequeno município de Cerejeiras, de apenas 16 mil habitantes, no Sul de Rondônia, uma daquelas histórias que mostram a importância dos professores na formação dos jovens atletas de todo Brasil que competem nos Jogos da Juventude CAIXA João Pessoa 2024. Marcielly Aparecida da Silva é quem faz pulsar o coração da equipe rondoniense que disputa a Terceira Divisão do handebol. Adorada por todo elenco, a educadora também é responsável direta por tornar viável a própria existência do time que é base da seleção sub-17 rondoniense, seja ao utilizar as próprias economias para comprar bolas, calçados e traves, ou na busca, com sucesso, por apoio estatal para dividir os custos do projeto social que ela lidera na cidade perto da fronteira com a Bolívia.

Ex-goleira, com participações nas edições de 2002 e 2003 da competição organizada anualmente pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), ela foi estudar na capital Porto Velho e se formou em Educação Física após abandonar a vida de atleta para ajudar a melhorar a sociedade em que vive e dar a chance de garotos, que se dividem entre estudos e trabalho, terem a oportunidade de representarem seu estado e projetarem uma ascensão social advinda do esporte.

“É minha missão na vida: sinto a obrigação de formar cidadãos, não apenas atletas. Nós viramos professores para criarmos uma sociedade melhor, no meu caso através do esporte. O time pode não ganhar, mas estamos aqui para mostrar que, com trabalho sério, amor ao esporte e muita luta, as vidas dos jovens podem ser transformadas. Representar Rondônia é sensacional, porque temos muito orgulho de onde viemos”, comentou Marcielly, na beira da quadra do Ginásio Ronaldão, o maior de João Pessoa.

Marcielly carrega com orgulho as credenciais dos seus atletas. Foto: André Durão/COB

Com quase todo time se dividindo entre handebol, trabalho e estudo, Marcielly faz questão de dar treinos no período noturno.

”Veja o exemplo do Lucas. Ele estuda de manhã, sai às 11h. Entra no trabalho (como repositor em um mercado), às 14h, e fica até 20h. Depois, ele vai para o treino, que acontece até 22h. Nós treinamos três vezes por semana e, perto dos Jogos, treinamos todos os dias úteis. Garotos menores de idade não deveriam trabalhar, mas eles precisam trabalhar para ajudar em casa, porque são de famílias simples, que dependem desse dinheiro a mais em casa”, explicou ela.

O armador Lucas Silva, de 17 anos, fala com brilho nos olhos sobre a importância da sua comandante no handebol e na vida. Desde 2019, ele é jogador do projeto social que foi criado pelo professor Lenine José e agora é tocado por Marci.

”Ela é a minha mentora. Desde que comecei a jogar, ela me acolheu muito e me deu o caminho para ser uma pessoa melhor, dando conselhos, para o handebol e para minha vida mesmo. Eu e o time todo adoramos Marci. Ela entende que a gente precisa trabalhar, mas também precisa estudar e tentar uma vida no esporte. Ela está no topo do handebol de Rondônia”, comentou ele, que sonha estudar Agronomia, caso não consiga ser atleta profissional.

Lucas Silva conduz a bola diante de marcador do DF. Foto: André Durão/COB

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