As duas quadras montadas no Pavilhão Feira do Centro de Convenções de João Pessoa receberam na tarde desta terça-feira, 26, jogos decisivos pela fase de grupos da segunda e terceira divisões do handebol masculino dos Jogos da Juventude CAIXA 2024, organizados pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB). Na primeira rodada do dia, Pará e Minas Gerais se enfrentaram pela liderança do grupo A. E pelo lado esquerdo da equipe do norte do país, um atleta chamou a atenção por dois motivos: pelo grande desempenho no segundo tempo da partida, ajudando o Pará a virar o placar para 25 a 23, e pelas madeixas soltas. Jhemerson Quaresma é pouco conhecido pelo nome e bastante celebrado pelo apelido.
“Todo mundo me conhece como Cabelo. E eu só jogo assim. Deixo o cabelo crescer desde os meus oito anos e nunca prendi, só ando com ele solto. Esse é o meu último ano de Jogos da Juventude e queria agradecer ao professor Fabrício por estar me apoiando a todo momento. Foi um jogo muito difícil, pau a pau desde o começo”, analisou Cabelo.
O jogador tem sido um dos destaques da equipe que venceu o Amazonas na estreia por 25 a 23, o Rio Grande do Sul por 35 a 26 e, neste terça, Minas Gerais, de virada.
“Desde pequenininho esse é o apelido dele, a mãe dele que deu. Ele não corta, não amarra. Já pelejei para amarrar o cabelo, botar um elástico. Não sei como o cabelo solto não incomoda… Ele estava um pouco apagado no jogo, mas foi decisivo no momento final”, analisou o treinador Fabrício França. O Pará terminou o primeiro período por 14 a 11, mas no segundo fez 14 a 9 e virou a partida.
Professor Fabrício França, que atua como técnico na competição, vendeu uma casa para comprar um terreno em Moju, município a 60km de Belém, com cerca de 80 mil habitantes, e montar uma quadra. Os atletas treinam no local de segunda a sábado e o time foi formado através desse projeto.
“Nós ganhamos as seletivas, tanto regional quanto estadual, no masculino e no feminino. No ano passado também fomos nós que ganhamos e as meninas foram campeãs da segunda divisão e subiram. E esse ano estão na semifinal da primeira. No masculino, a nossa equipe é mais baixa porque na nossa região não temos muitos meninos altos. Mas sei da velocidade deles, do trabalho que a gente faz. Sabíamos que daria para sair em primeiro e pegar uma das vagas nas semifinais”, analisou França.
Um dos atletas que conheceu a modalidade através do trabalho dele foi justamente Cabelo. No começo, o baixinho queria jogar vôlei, mas, coincidência da vida, acabou parando no handebol.
“Quando vi que não tinha ido pro vôlei, fiquei muito triste. Não conhecia o handebol, não sabia como era. Mas gostei, fui me acostumando. Nosso primeiro campeonato foi em Tocantins com o professor Fabrício, que fez uma quadra para nós depois. Nós começamos a treinar, a nos esforçar e hoje nós estamos aqui. O handebol é minha vida hoje em dia. Pretendo ir para um time de fora, jogar no profissional”.