Campeã nas águas abertas dos Jogos da Juventude CAIXA João Pessoa 2024, Victória Rosário, 16 anos, se inspira na maior referência brasileira da modalidade: a campeã olímpica Ana Marcela Cunha. Baiana como a ídola, Victória mora em Itabuna, interior do estado e distante 320 km de Salvador, cidade da nadadora olímpica. Ainda assim, o destino delas se cruzou por meio de George Cabral Cunha, irmão de Ana Marcela e treinador da equipe de natação da Bahia na principal competição multiesportiva do Brasil para jovens de até 17 anos.
“A Ana Marcela é um exemplo, uma inspiração de dedicação e força para quem nada. Eu já conheci ela pessoalmente. Ela geralmente aparece no final do ano nas competições de Inema (em Salvador) e nós aproveitamos para tirar foto e ficar conversando. De vez em quando, ela também dá palestras pra gente. Como eu já participei de etapa mundial, ela já me deu dicas de como nadar no mar”, conta Victória.
Mar que Victória não tem em Itabuna. O litoral mais próximo é em Ilhéus, a 30 minutos de carro, onde ela treina de vez em quando. A maior parte da preparação, porém, é em piscina, de segunda à sábado. As entradas no mar ocorrem principalmente para competir no Campeonato Baiano e outros torneios, em média uma vez por mês.
Nos Jogos da Juventude, as primeiras braçadas de Victória na praia de Cabo Branco, em frente ao busto de Tamandaré, foram apenas minutos antes da competição, no aquecimento. Ainda assim, as ondulações não causaram estranhamento. A baiana assumiu a ponta logo nos primeiros metros de prova e fechou os 5km com larga vantagem, em 1h01min36. Milena Ferreira Bordalo, do Maranhão, ficou com a prata após 1h04min09; e Maryna Monegat Fachin, de Santa Catarina, levou o bronze, com 1h04min29.
Os dias que antecederam as disputas de águas abertas foram de competição da natação na piscina da Vila Olímpica de João Pessoa. Victória competiu nas provas longas e ganhou medalha de prata nos 800m (09:29.31) e nos 1.500m (18:07.00). “Eu geralmente participo bem pouco de competição em piscina, mas quando participo sempre deixo o meu melhor”, conta a atleta que começou na natação por causa de problemas respiratórios quando era criança.
Ainda assim, o que realmente faz os olhos de Victória brilharem é o mar. “A prova de águas abertas é mais minha praia do que piscina, é literalmente a minha praia. Entre a natação e a maratona, eu gosto bem mais da maratona, é basicamente o esporte que eu mais gosto de fazer”, ressalta.
Em terras paraibanas, Victória é uma das 16 atletas da delegação de natação da Bahia, comandada pelo treinador George Cabral Cunha, nos Jogos da Juventude. Contar com um técnico com experiência como nadador e tamanha proximidade da principal referência da modalidade chega a ser curioso para a garotada.
George leva tudo com muito alto astral para tornar o ambiente de competição o mais leve possível. “Ele é muito engraçado, é bem resenha. Ri de coisa boba, joga conversa fora e, claro, conta algumas histórias da Ana Marcela”, entrega Victória.
“Tudo é estratégico. Eu procuro estar ao lado dos atletas e falar a linguagem deles. Isso eleva não só a parte do carisma, mas leva um pouco de alegria e descontração, porque no decorrer da competição existe muita tensão, nervosismo e preocupação”, explica George.
Mesmo morando em cidades diferentes, George e Victória se encontram com frequência ao longo das competições locais no estado da Bahia. “Já vínhamos conversando, um vem acompanhando o outro. Também já tivemos outras experiências de viagens juntos em que estive como técnico ou auxiliar técnico dela e isso vai desenvolvendo essa relação de confiança para conseguir passar para eles um pouco da experiência que eu vivenciei dentro do esporte e com a Ana Marcela”, completa George.