Uma expressão que domina a internet serve perfeitamente para definir Caio Bonfim, um verdadeiro “ídolo acessível”. Elogiado por todos os atletas que disputaram a marcha atlética nos Jogos da Juventude CAIXA João Pessoa 2024, o medalhista de prata nos Jogos Olímpicos Paris 2024 abraçou e aconselhou quase todos os meninos e meninas marchadores que completaram o percurso na Vila Olímpica Parahyba, neste domingo, 24/11.
“Eu já estive ali no mesmo lugar que eles e tentei aproveitar as delegações que tinham os mais experientes, o (Sérgio) Galdino, o (José) Baggio, o Mário (Santos Júnior), que foram pessoas que fiquei ali pertinho. Tive a chance de ver o Jefferson Perez, que é campeão olímpico, poder conversar, perguntar. E desse jeito a gente aprende mais do que em curso! Você vê o que é bom, elogia e parabeniza. Mas tem algumas coisinhas que dá para melhorar que vão fazer você ganhar tempo. E às vezes, se ninguém fala isso, ele perde dois, três anos aprendendo. São coisas que eu e minha mãe tivemos que viajar o mundo, apanhar para caramba para aprender”, disse.
Um dos mais empolgados ao final da prova foi Davi Silva, do Espírito Santo. Ele e Marlon Kaleby Rodrigues, do Ceará, puxaram a 1ª série da prova masculina, com vitória do capixaba com o tempo de 23min08s57. Com isso, o garoto chegou ao bicampeonato da prova que estreou no calendário dos Jogos da Juventude justamente no ano passado, em Ribeirão Preto (SP).
“Quando eu passava aqui, dava uma olhadinha e via ele sentado, observando a prova, eu ficava: a minha maior inspiração está aqui, a lenda em quem eu me espelho. Já saí feliz, mas quando terminou, ele veio conversar comigo, me elogiou, me deu conselhos, isso foi gigante”, comentou Davi.
“Eu vim para defender esse título. É uma felicidade enorme porque essa prova foi muito mais pegada, tinha adversário do começo ao fim, adversário forte, lado a lado, e isso vai deixando a prova mais bonita”.
Para Marlon Kaleby, as observações foram desde o tênis até o movimento dos braços durante a marcha. “Foi uma prova bastante especial, principalmente por ter um medalhista olímpico falando comigo no final da minha prova, me ajudando e dando apoio. Só tenho a agradecer ao Caio Bonfim. Vou adquirir essas novas dicas que ele me deu e aprimorar minhas habilidades mais ainda. Quero ser que nem ele no futuro, ou até melhor. Pretendo fazer isso na base do esforço e dedicação”.
Vinicius Dias, do Mato Grosso do Sul, completou o pódio com o tempo de 23min39s29. O garoto também foi elogiado por Caio. “No masculino, os dois primeiros se mostraram muito rápidos. O terceiro também é muito bom, teve uma fratura por estresse, ficou dois meses sem treinar e chegou ao pódio. Prova que tem a parte mental forte também. Nós temos aí um futuro promissor”, analisou Bonfim.
Família Silva segue os passos da Bonfim
Se Caio foi levado para a modalidade pelos pais, Laisa Silva, medalhista de bronze na prova feminina da marcha, também tem uma inspiração dentro de casa. O irmão Davi a levou para os primeiros treinos e comemorou a evolução da irmã em apenas seis meses de prática.
“Estou cheio de felicidade pelo fato da minha irmã conquistar a medalha de bronze hoje. A felicidade dela também faz parte da minha, é um sentimento que eu não consigo expressar”, contou o garoto que incentivou a irmã, que sempre o acompanhava nos treinos, a entrar na marcha.
“Foi a hora de eu ajudar nos treinos dela. Vou dando meu conselho, ajudando na técnica. Minha família apoia muito a gente e, se Deus quiser, futuramente a gente vai chegar longe”.
O ouro ficou com Vitoria Araújo, da Paraíba, com 15min36s37, e Mychele Souza, do Distrito Federal, com 16min06s48. As três foram elogiadas por Caio Bonfim ao final dos 3km do percurso. “É uma prova curta e vai predominar quem é veloz. E na marcha, como todas as outras provas, o veloz, vence. Tem uma garotada muito veloz, muito boa tecnicamente. As três meninas são excelentes tecnicamente e são velozes, fiquei encantado”.
Mais motivo para Davi comemorar: treinar com o medalhista olímpico
E o campeão da prova masculino ainda teve um terceiro motivo para comemorar, além da própria medalha e a da irmã. “Outra notícia mais feliz ainda, mais top, é que houve até um convite para treinar junto lá com ele e a equipe deles. Isso aí é surreal, foi incrível demais. É a realização de um sonho marchar ao lado do Caio e de outros grandes marchadores. É outra grande conquista”.
“Poder vir aqui e ver duas baterias no masculino por conta da quantidade de atletas e uma no feminino de marcha atlética foi emocionante. Ano que vem começa o Sub-18 e já é pra valer. O Davi bateu o recorde, depois o Kaleby bateu o recorde dele… Então tem uma rivalidadezinha aí e quem ganha é o Brasil”, completou Caio.