Coletar informações que colaborem para monitorar jovens esportistas em um país com dimensões continentais como o Brasil não é tarefa fácil. Por isso, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) aproveita que os mais de 4 mil atletas de até 17 anos envolvidos em 18 modalidades estão reunidos nos Jogos da Juventude CAIXA João Pessoa 2024 para abastecer um banco de dados com informações físicas e motoras de jovens talentos.
O Centro de Avaliação e Monitoramento instalado no Centro de Convenções de João Pessoa segue protocolos validados internacionalmente, que são aplicados e analisados pela mesma equipe de especialistas do Laboratório Olímpico do COB, que avalia os esportistas do Time Brasil e fica localizado no Rio de Janeiro.
“Estou com uma equipe composta por 12 profissionais, entre biomecânicos, preparadores físicos, fisioterapeutas, fisiologistas. São os mesmos que avaliam a Rebeca Andrade, por exemplo. Os equipamentos também são os mesmos. Vemos esse trabalho como uma ponte para o futuro do esporte do Brasil”, explica Felipe Lucero, supervisor de Ciência e Tecnologia do Laboratório Olímpico.
O Centro de Avaliação e Monitoramento montado nos Jogos da Juventude conta com cinco estações de avaliação: antropometria (estudo das medidas e dimensões corporais), potência de membros superiores, potência de membros inferiores, agilidade e corrida.
Todos os resultados são organizados e inseridos em um banco de dados para, depois, servirem para estudos comparativos e análises estatísticas dos perfis dos competidores de várias regiões do Brasil, que podem ser usados posteriormente pelo COB, pelas confederações e demais interessados no trabalho de desenvolvimento de atletas.
O objetivo de sistematizar essas informações é viabilizar a detecção de atletas filtrados por idade, sexo, modalidade, região e estado, o que permite acompanhar a trajetória deles desde a escola até o alto rendimento, de forma organizada e acessível. Esse trabalho contribui diretamente na identificação de talentos.
“O Brasil é muito grande, é muito difícil monitorar o país inteiro em comparação a outros países menores. A nossa ideia é fazer principalmente estudos populacionais que sirvam de referência para os professores terem mais facilidade de identificarem talentos no esporte”, avalia Lucero.
O supervisor de Ciência e Tecnologia do Laboratório Olímpico ressalta que todos esses testes realizados no Centro de Avaliação e Monitoramento podem ser reproduzidos nas escolas, com adaptações acessíveis para substituir a tecnologia usada por eles.
“Usamos os recursos do Laboratório Olímpico nos Jogos da Juventude, porque agiliza muito a obtenção de dados, mas os testes são planejados para poderem ser realizados nas escolas também. É fundamental colocar o esporte dentro da escola. A base do esporte em países que são potências esportivas no mundo é na escola”, comenta Lucero.
O supervisor do Laboratório Olímpico faz questão de também mostrar aos professores a importância de avaliar e monitorar os atletas com quem trabalham nas escolas.